O termo esquizofrenia foi criado em 1908 pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler. A palavra derivava do grego "schizein" (fenda ou cisão) e “phrenós" (pensamento)
Antes do Séc. XIX esta era vista como tendo uma origem sobrenatural e o seu tratamento consistia em esconjuros, exorcismos e expurgos.
Nos dias de hoje já há um maior conhecimento sobre esta doença, contudo a sua causa principal ainda não é clara, considerando-se que provavelmente decorre de uma combinação variável de predisposição genética, disfunção bioquímica, factores fisiológicos e stress psicossocial. Contudo, quanto à faixa etária de inicio, Kaplan & Sadock (1990) consideram que a idade do pico de aparecimento para os homens situa-se entre os 15 e os 25 anos, e para as mulheres, entre os 25 e 35, persistindo para o resto da vida e afectando todas as classes sociais.
No Manual Merck esta doença encontra-se definida como uma perturbação mental grave caracterizada por uma perda de contacto com a realidade (psicose), alucinações, delírios (crenças falsas), pensamento anormal e alteração do funcionamento social e laboral.
Durante o processo de instalação da doença, o indivíduo pode passar por 3 fases:
Fase I - Prodrómica:
· Retraimento social;
· Distúrbio do funcionamento do papel social;
· Comportamento peculiar ou excêntrico;
· Descuido da higiene e aparência pessoal;
· Afectividade embotada ou inadequada;
· Distúrbios da comunicação;
· Ideias bizarras;
· Experiências da percepção fora do comum;
· Abulia (incapacidade de tomar decisões);
· Duração variável, podendo manifestar-se durante um longo período de tempo antes da passagem à fase seguinte.
Fase II – Activa
Na fase activa do distúrbio os sintomas psicóticos são proeminentes. Aparecem os sintomas positivos.
Fase III – Residual
· Caracteriza-se por períodos de remissão e exacerbação. Uma fase residual segue-se geralmente a uma fase activa da doença;
· Os sintomas durante a fase residual assemelham-se àqueles da fase prodrómica, com embotamento afectivo e distúrbios do funcionamento do papel;
· Lentidão e descoordenações.
Esta doença, ainda consoante determinadas características, pode apresentar vários sub-tipos, sendo estes:
Esquizofrenia Paranóide:
· Caracteriza-se principalmente pela presença de delírios persecutórios ou de grandeza.
· Presença frequente de alucinações auditivas;
· O indivíduo apresenta-se com frequência tenso, desconfiado e retraído podendo mostrar-se querelante, hostil e agressivo;
· Início tardio;
· Menor deterioração cognitiva;
· Maior dos grupos;
· Predomina o delírio paranóide sistematizado;
· A extrema desconfiança.
Desorganizada (ou esquizofrenia hebefrénica):
· Início dos sintomas geralmente antes dos 25 anos;
· O comportamento é acentuadamente regressivo e primitivo;
· Contacto com a realidade é extremamente deficiente;
· A aparência pessoal geralmente é negligenciada e o distúrbio social é extremo;
· Forma com pior prognóstico;
· Degradação acentuada da personalidade;
· Predominância de alterações do pensamento;
· Ambivalência;
· Perca de associação.
Catatónica: Caracteriza-se por anormalidades acentuadas no comportamento motor e pode se manifestar em termos de estupor ou excitação (Kaplan, Sadock 1994). Ocorre predominância dos sintomas negativos.
Residual:
· Ausência de ideias delirantes dominantes;
· Ausência de sintomatologia florida;
· Predominância de sintomatologia negativa:
· Isolamento social;
· Distúrbio da higiene e aparência pessoal;
· Embotamento afectivo;
· Empobrecimento da fala;
· Pensamento ilógico;
· Apatia.
(Excerto de um episódio da telenovela "Caminho das Índias")
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