Segundo um documento de Caldas de Almeida, existe uma “prevalência altíssima”, de quase 43% dos portugueses que sofreram de perturbações mentais ao longo da sua vida, resultados esses que colocaram Portugal com as taxas mais elevadas da Europa.
Como doenças mais comuns na população podemos encontrar, nos adolescentes os Transtornos Alimentares, nos adultos a Depressão e os Transtornos da Ansiedade, e, nos idosos as Demências. Contudo, torna-se importante ter em conta que qualquer uma destas doenças pode encontrar-se em qualquer faixa etária que não as referidas anteriormente.
É ainda importante denotar que todos nós apresentamos comportamentos “estranhos” por vezes, mas estes só passam a ser valorizados como doença mental quando estas situações dominam a nossa vida e o sofrimento emocional passa a ser a nossa prioridade, impedindo-nos de vivenciar outras experiências.
Segundo a ADEB, a doença mental é com frequência relacionada com o mendigo que deambula pelas ruas, que fala sozinho com a mulher que aparece na TV dizendo ter 16 personalidades, e com o homicida “louco” que aparece nos filmes. Palavras como “maluco”, “esquizofrénico”, “psicopata” e “maníaco”, são vulgarmente utilizadas na linguagem do dia a dia.
As pessoas olham-se e dizem: “Isto não me vai acontecer de modo nenhum, não sou maluco, venho de uma família sólida”, ou, então, “ a doença mental não me afeta, isso é problema dos outros.” Este estigma relacionado com a doença mental provém do medo do desconhecido, dum conjunto de falsas crenças que origina a falta de conhecimento e compreensão. Este abrange aqueles que tiveram ou têm uma doença mental. As relações sociais ficam muitas vezes prejudicadas, como se o doente fosse um ser à parte, objeto, por isso, de uma discriminação de rejeição. Ninguém duvida que há um estigma ligado ao portador de doença mental. Este estigma ou preconceito isola o indivíduo em relação aos outros, como se fosse uma pessoa marcada pelo passado da doença.
Refletindo sobre o tema, uma pessoa que passa por alguma doença mental, passa a ver o mundo com outros olhos. Se calhar, pelo fato de pensarmos que tal coisa não aconteceria connosco, e até porque tudo começa do nada, duma situação completamente normal, a que estamos habituados a viver no nosso dia a dia, como uma ida ao supermercado ou uma ida a escola. O pensar todo o dia no que se passa connosco, e não querer partilhar com ninguém para não pensarem sermos “malucos”, o tal estigma que se mantém para com estes doentes. É um sofrimento contínuo com que passamos a viver diariamente sem saber como o ultrapassar, o não querer colocar os pés à porta de casa, o medo de simplesmente pensar em estar sozinho, o ver os outros a sofrer com os nossos medos.
De todas estas ideias podemos concluir que a doença mental, apesar de ser altamente estigmatizada na nossa sociedade, pode ocorrer com qualquer pessoa, em qualquer estrato social e em qualquer altura da sua vida.
Como existe uma panóplia muito variada de doenças de origem mental, durante este mês serão publicados diversos posts neste blog, com informação mais detalhada sobre estas temáticas.
Autores: Enfermeira Micaela Santos, Enfermeira Tânia Silva, dra. Silvia Zambujo, Dr. Paulo Branco
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